No entando, o vetor crescimento ao qual fomos designados para perseguir é o vertical, ascendendo ao plano superior. E para que isso aconteça precisamos ser içados e recebidos por quem lá está:
Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu¹
A ascese é um processo de lapidação e purificação espiritual pelo qual devemos passar se quisermos ser cidadãos do reino celeste. Ao contrário do que apregoa o imaginário popular, esse reino não admite visitantes ou forasteiros. Não se entra lá como um antropólogo ou curioso, buscando conhecer sem compreender, ver sem assimilar, experimentar sem digerir. Tudo começa com a atitude correta. Como acontece com qualquer peregrino ao adentrar uma nação desconhecida, os primeiros contatos com a realidade ascendente causam estranhamento e resistência. E a atitude adotada diante dessas barreiras é o que define o resultado desse processo.
Não há dúvida de que a melhor postura diante do desconhecido é a humildade. Não seja para o compreender, ao menos o será para o assimilar. Diante de uma realidade que tão facilmente sobrepuja qualquer qualidade meramente humana, o reino celeste é capaz de constranger e diminuir aqueles que diante dele se apresentam. E a primeira reação humana diante de algo muito superior é a de retração, seguida da inveja. É, como sempre, o caminho mais fácil que gostamos de tomar. É mais cômodo desqualificar o que invejamos, desdenhar o que queremos para nós. Mas aqueles que escolhem o caminho da humildade terão as portas da alma abertas para adentrar nesse maravilhoso e recôndito reino.
- O estranho sou eu - diz o forasteiro.
Aquele que não quer afundar como chumbo após o primeiro contato com o plano superior deve pensar dessa forma a todo momento. Qualquer recurso psíquico ou linguístico que surja para solidificar o sentimento de estranheza deve ser lançado fora de imediato. Só sobrevirá ao estrangeiro a sensação de pertença quando sua mente for capaz de processar e se amoldar a toda diferença. É nesse momento em que os primeiros feixes dourados penetram na mortalha iluminando o caminho do peregrino.
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¹- João 13:3
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